6 de abril de 2011

CFSD - 2010: Existe um homem sob a farda


A formação do verdadeiro policial militar exige um alto nível de envolvimento do indivíduo, é consideravelmente uma entrega. É algo que foge a treinamentos comuns porque testa, não só os limites do corpo, a mente também é preparada para o cumprimento efetivo do dever. Distante da realidade de uma Unidade Militar, o cidadão não faz idéia de como aqueles homens que encontram nas ruas todos os dias chegaram até ali.

Muitos tentam e poucos perseveram nesta profissão. O homem aprende cedo a viver em conjunto, a respeitar o companheiro de farda e a ver no outro, alguém a quem se deve servir e proteger. Aprende que a teoria está um tanto distante da prática, mas que tem o seu valor no final. Aprende a ignorar o próprio corpo, o sol forte e as tempestades porque a fome, a sede e o cansaço se tornam irrelevantes diante da necessidade do outro. Aprende que somente a utilização da técnica não será suficiente para garantir o êxito quando se lida com outras vidas.
            
Não se deve esquecer nunca que o homem que está sob a farda, seja ela caqui, camuflada ou negra é, antes de tudo, um ser humano. A sua posição lhe toma o direito de hesitar diante da violência, impulsionando-o a agir rapidamente e evitar que o pior aconteça. Em questão de segundos, uma decisão deve ser tomada para minimizar o sofrimento alheio. Nesse momento as possibilidades entre o sucesso e o fracasso são praticamente iguais e o que determina o resultado final é o senso de justiça que pulsa no coração do homem.

Esse homem deixa seu lar todos os dias na esperança de regressar, falo de esperança e não de certeza. Trabalhará diuturnamente sem esperar recompensas e reconhecimento. Sabe que não lhe é facultado o direito ao erro e, que o preço a pagar por qualquer um que seja, é alto demais. Tem consciência que protegerá vidas inocentes mesmo com o risco da sua e espera que alguém também cuide das que ele ama, caso ele já não possa.

O que faz um homem ser um verdadeiro policial militar? O desejo de garantir os direitos que nos são tomados todos os dias pela violência, pela impunidade e pelo descaso. A vontade de encaminhar à justiça aqueles que matam, roubam, violam e destroem os meus  sonhos e os seus. A busca incessante por uma cultura de paz, termo tão banalizado atualmente, mas que representa a base da missão da Polícia Militar.

As sementes estão sendo plantadas, no entanto é preciso tempo para que os frutos sejam colhidos e as sombras das árvores desfrutadas. CFSD 2010.


 Por Denísia Souza de Oliveira